quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Com o futuro programado

A carreira previsível, em uma companhia sólida e com benefícios de longo prazo, ainda seduz muita gente

Por Gabriel Penna

Lilian Maria Louzada, 33 anos, gerente de planejamento de produção da Petrobras: carreira estável e planos realizados

Ter segurança e previsibilidade no trabalho está cada vez mais difícil. Basta ver as milhares de demissões nos últimos meses por causa dos solavancos da economia mundial. Mas, para um grupo de pessoas, a realização profissional passa, necessariamente, pela conquista da estabilidade. Bem ou mal, elas querem saber o que o futuro lhes reserva e ter garantias de que não vão perder o emprego e a renda de uma hora para outra. Para isso, muitas vezes elas abrem mão de uma carreira mais diversificada e de crescimento rápido. “Não se deve confundir estabilidade com imobilidade.

Esses profissionais não querem monotonia, mas uma rotina que lhes dê segurança e afaste o risco do desemprego”, explica o filósofo e consultor de empresas Mário Sérgio Cortella. Em diferentes medidas, as empresas precisam de funcionários com esse perfil, pois eles se identificam com a cultura do negócio e ajudam a engrenagem a girar. Além disso, o mercado valoriza a fidelidade — se ela estiver aliada, é claro, à competência. Um dado do Guia VOCÊ S/A-EXAME – As Melhores Empresas para Você Trabalhar 2008 indica bem esse comportamento: 73% dos presidentes das 150 melhores foram formados internamente, 15% têm entre 16 e 20 anos de casa e 43% estão na companhia há mais de duas décadas. A economista capixaba Lilian Maria Louzada, de 33 anos, foi professora universitária por seis anos, antes de ingressar na Petrobras, em 2001.

Estabilidade e segurança é o que você quer para sua carreira? Opine aqui

Se você quer estabilidade - Recomendações para quem preza a carreira sem turbulência:

Lilian foi contratada para participar de projetos de planejamento, uma área em que havia acumulado experiência como consultora da prefeitura de Vitória. A possibilidade de fazer carreira na estatal despertou o interesse de Lilian por combinar estabilidade e desafios profissionais, graças ao ritmo de crescimento dos negócios. Em 2006, ela passou no concurso e foi efetivada. Em 2007, foi promovida a gerente de planejamento de produção no campo de Golfinho, no Espírito Santo. Em seu cargo, Lilian tem um plano definido de desenvolvimento, com todas as competências que precisa aperfeiçoar. Mas o que dá segurança a ela é ter uma boa renda garantida para os próximos anos e o conforto de poder fazer planos de médio e longo prazos. “Eu e meu marido compramos uma chácara, começamos a pagar agora para terminar daqui a cinco anos”, diz.

O setor público, alternativa muitas vezes procurada por quem busca estabilidade, tem se tornado ainda mais atraente nos últimos anos com o crescimento da oferta de vagas e do salário médio que oferece. Isso ocorre, especialmente, em grandes estatais como Petrobras e Banco do Brasil. Já na iniciativa privada, quem mira uma carreira sem percalços deve procurar companhias sólidas, que valorizam o tempo de casa na hora das promoções, evitam demissões e oferecem benefícios de longo prazo, como seguro de vida e previdência privada. “A estabilidade ainda é uma realidade, principalmente em empresas familiares e setores mais conservadores, como a indústria agrícola e de mineração“, diz Neli Barboza, da Ricardo Xavier, consultoria de RH de São Paulo. Mas há grandes companhias que premiam a lealdade do profissional. No Bradesco, 24% do pessoal tem mais de 20 anos de casa e todos os funcionários recebem um plano de carreira. Na rede varejista Magazine Luiza, não há demissões sem a aprovação do conselho de funcionários da loja. Se você busca estabilidade, esteja preparado para ter um crescimento mais lento em troca da segurança no emprego. A falta de identificação com a empresa é outro fator de risco, pois pode gerar grande desmotivação. Mas o maior perigo, em crises como a que estamos enfrentando hoje, é você ser demitido e descobrir que a estabilidade também tem limites. Ninguém está livre disso.


Fonte: Você/S.A on line